Existem pessoas destinadas a surgir em nossa vida. Existem pessoas com as quais você tem uma ligação mística, sem explicação lógica, mas no fundo ambas sentem que aquela ligação existe, faz mais sentido e parece mais real do que qualquer teoria ou lógica possam explicar. E foi assim....
Eu me sentia sozinha no mundo. Odiava essa cidade. Não me encontrava, não me acostumava, não aceitava. Passava as tardes e noites no ICQ. E um dia um amigo me falou sobre uma amiga dele que tinha muito em comum comigo e me passou o contato dela. E então começamos a conversar. Compartilhamos nossa raiva dessa merda de cidade, compartilhamos nossas crenças, nossas dores, nossas viagens, nossas alegrias. E era uma compreensão sobrenatural. Nos conhecemos pessoalmente, e foi tão natural, como se essa amizade já existisse. Minha amiga, minha irmã, por vezes mãe, por vezes filha, mas sempre parte de mim. Sou péssima em datas, acho que são 5 anos, mas que diferença faz quando se trata de uma eternidade? Ela me viu rindo, me viu chorando, me viu bêbada e foi pra ela que eu corri quando o mundo desmoronou ao meu redor. Não nos conhecemos, nos encontramos...
Ela era uma louquinha. Sei lá quando foi o primeiro dia que falei ou que a vi. Já disse, sou péssima com datas. Ela é livre, desbocada, divertida. Passava-me uma imagem de liberdade de ser, de existir por si mesma independente do que o mundo pensa. Eu não sabia que um dia ela se tornaria minha esposa (hahahaha, foi uma brincadeira divertida, nos casamos de mentirinha). Só sei que ela é mulher e ao mesmo tempo uma menina. Aonde ela chega contagia com seu jeito livre de ser, e impossível não se abalar com a presença dela. Tão natural, expande sua beleza onde passa. Presenciou meus porres, e eu lembro quando eu chorava no banheiro chapada dizendo que eu era uma bosta, ela me dizia o quanto eu era uma pessoa linda. Estava bêbada, mas eu me lembro das palavras dela. Não nos conhecemos, nos encontramos...
Não posso falar de mim. Está tudo escancarado nos meus textos. Desvelada, nua, me decifro, aprendo sobre mim e minhas experiências escrevendo. O que existe em comum entre nós três: O medo do Amor. O medo da Solidão. O Medo. E a cada linha, percebo que estamos enfrentando todos os medos e indo ao encontro de nossos caminhos. Éramos meninas tentando ser mulheres. Hoje somos mulheres tentando ser meninas. Aprendendo a amar, a não temer a nudez dos nossos atos. Não há motivo pra dissimular, somos o que somos, e a beleza não está em nossos corpos, nem aqui nas nossas palavras, está em nossas almas, e parte dela ainda a ser decifrada. Três mulheres e um só mistério...
Essa é uma homenagem aos nossos textos, e uma prova da admiração que tenho por vocês. Esse é um brinde a nossa coragem de abrir nossos corações, e de ir em busca do sentido do mistério de SER mulher. Amo vocês, suas cabritas....hahahahaha
“Quando vos separais de vosso amigo, não vos aflijais.
Pois o que amais nele pode tornar-se mais claro na sua ausência, como para o alpinista a montanha aparece mais clara, vista da planicie.
E que não haja outra finalidade na amizade a não ser o amadurecimento de espirito.
Pois o amor que procura outra coisa a não ser a revelação de seu próoprio mistério não é amor, mas uma rede armada, e somente o inaproveitavel é nela apanhado.
E que o melhor de vos próprios seja para vosso amigo.
Se ele deve conhecer o fluxo de vossa maré, que conheça também o seu refluxo.
Pois, que achais seja vosso amigo para que o procureis somente a fim de matar o tempo?
Procurai-o sempre com horas para viver:
O papel do amigo é encher vossa necessidade, não vosso vazio.
E na docura da amizade, que haja risos e o partilhar dos prazeres.
Pois no orvalho de pequenas coisas, o coração encontra sua manhã e sente-se refrescado.”
Trecho de ‘A Amizade’ de Khalil Gibran
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