sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Uma Quase história...

Era uma vez uma quase história...

Quase porque nunca aconteceu. Talvez tenha acontecido nos sonhos e fantasias daquela menina de quatorze anos que jaz em algum lugar dentro de mim. Ou talvez eu tenha pensado que ela foi embora, mas de vez em quando bate aquele medo e aquela zonzeira que me faz acreditar que ela nunca se foi, apenas se disfarçou nas olheiras de uma mulher de quase trinta que finje ser segura e dona da própria vida. E eu já não sei quem manda mais dentro de mim.
Eu queria tanto saber porque ela desenhou um nome, um rosto, um corpo, e mais um monte de ideais pra um alguém e o chamou de "principe", ou "homem da minha vida", ou "homem ideal". Eu não sei porque ela se aprisionou em algum quarto escuro e acreditou que alguém viria com um cavalo e um escudo e a salvaria dela mesma.
Eu queria tanto olhar pra esse fantasma e saber se algum dia existiu uma possibilidade mínima de se encaixar no sonho dela. Eu queria rasgar o peito e tirar esse coração dilacerado e te mandar via sedex pra saber se você é capaz de juntar todos os pedacinhos. Eu queria vomitar toda essa ilusão e purificar minha alma dessa dor que eu engoli por toda minha vida e que causou uma indigestão de sentimentos. Eu queria que você visse eu me fantasiar de alguém irresistivel com rímel, batom e todos os luxos que uma mulher pode ter e sempre ter a cara lavada por lágrimas no dia seguinte. Eu queria que você me dissesse que também sente a dissônancia da palavra solidão. Eu queria que você despertasse e viesse me salvar porque essa seria a única forma de matar a ilusão do que é amar.
E essa mesma menina que habita dentro de mim despertaria da inocencia virginal de acreditar que existe felizes para sempre e um ponto final. E pudesse crescer para encarar toda essa responsabilidade de ser tudo o tempo todo porque para desejar a perfeição e felicidade absoluta é preciso saber transformar sua vida em perfeição e felicidade absoluta e esquecer que o mundo lá fora existe. Ao invés disse ela engole um veneno que torna a vida amarga e me faz pensar em desistir a cada dia porque ela acredita que a tragédia torna a história mais bonita.
Eu queria que a menina inocente se transformasse em mulher selvagem que não tem medo do escuro, que se alimenta da noite de lua cheia e gosta de sentir a terra tocar a sola dos seus pés e sem medo algum pudesse se despir diante da vida.
Eu queria tantas coisas que não podem ser ditas porque perderiam o mistério do segredo que nem eu mesma conheço.
Mas acima de tudo, eu queria morrer pra essa ilusão e descobrir quem você realmente é e quem eu realmente sou e finalmente que essa quase história se transformasse em sempre ou nunca e tivesse um ponto final.

0 comentários:

Postar um comentário