sábado, 21 de novembro de 2009

A Valsa

"Senhoras e senhores, o momento mais esperado da noite: A Valsa"

- Me consede a dança senhorita?
- Claro - com meio sorriso...
- A observei durante todo jantar...
- Nem notei que viera...
- Sempre espirituosa!
- Se é assim que prefere chamar...
(tipico insistente e incoveniente, evite sempre que possivel)
- Não é possivel que tenha me esquecido, quantos se dedicaram tanto aos seus caprichos como eu?
- Tem certeza que quer saber?
- Com licença, será que posso lhe tomar a dama?
- Nós estamos....
- Claro!
- Penso que te salvei senhorita?
- Sempre aparece em boa hora!
- Sou privilegiado em dançar com a anfitriã?
- Eu que fico honrada em poder dançar com tão belo par!
(ele é tão cheiroso e elegante, mas não caia em tentação. Já deitou na cama de todas as damas deste salão, das casadas até as viúvas, e um dia há de aparecer na minha)
- Aquele rapaz não para de te olhar...
- O filho do banqueiro? Oh não, la vem ele pedir para dançar...
- Se quiseres garantir seus empréstimos, acho bom aceitar!
- Ele se veste como se acabara de sair da guerra, emite sons desagradáveis! É um péssimo cavalheiro!
- Posso?
- Senhorita, esta entregue...
- Como sempre formosa!
- Grata...
(nunca dependa de um favor de um tipo como esse. É prejudicial ao seu olfato e sanidade mental)
- A valsa é algo interessante, dois passos para cada lado e logo se toma o salão...
- Se tivesse mais passos talvez estaria mais ocupado em dançar e menos em pisar nos meus pés...
- És um diamante bruto...
- Que nem todo seu dinheiro conseguiria comprar!
- Adoro desafios, tenho certeza que na próxima dança estará em meus braços!
- Não estaria tão confiante, nem se quer estarei aqui na próxima dança, meus pés doem e preciso descançar.
- Cavalheiro, desculpe mas preciso tomar-lhe a dama..... - Senhorita, me daria a honra?
- Claro, .... O senhor?
- Não me conhece, mas fique tranquila, como todos aqui recebi o convite.
- Conhece meu advogado? ou talvez deva ser amigo de...
- Não vim a convite de nenhum senhor ou senhora aqui presente que não de ti,minha estimada dama.
(Nunca se entregue aos braços de um estranho como se entregasse sua vida ao acaso)
- MAs se não lhe conheço, como posso ter mandado o convite?
(Mais alguns passos e rodopios e então ele apenas sorri, e aplaude a musica)
- Creio que esteja cansada?
- Esta tarde ... já não aguento mais tantas voltas e passadas!
- Quem sabe na próxima valsa...
- Quem sabe...
(Mal pude perceber, disfizera toda estabilidade e autoconfiança, e como nunca pude antes, me vi sozinha, agora esperando um estranho voltar e me encontrar, porque eu mesma não era capaz de achar o caminho de volta)

By Mari

Bandolins - Oswaldo Montenegro

Como fosse um par que
Nessa valsa triste
Se desenvolvesse
Ao som dos Bandolins...

E como não?
E por que não dizer
Que o mundo respirava mais
Se ela apertava assim...

Seu colo como
Se não fosse um tempo
Em que já fosse impróprio
Se dançar assim
Ela teimou e enfrentou
O mundo
Se rodopiando ao som
Dos bandolins...

Como fosse um lar
Seu corpo a valsa triste
Iluminava e a noite
Caminhava assim
E como um par
O vento e a madrugada
Iluminavam a fada
Do meu botequim...

Valsando como valsa
Uma criança
Que entra na roda
A noite tá no fim
Ela valsando
Só na madrugada
Se julgando amada
Ao som dos Bandolins...

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